Para quem sabe me procurar
Quando a saudade assim florescesse.
Há tempos lendo e relendo o mesmo livro
Feliz um pouco ficaria apenas em saber
Que as páginas por um instante nos uniram.
Tenho um lado escuro solitário
Um sem fim de vias
Hoje sem estrada.
Ainda brinco com as palavras
Sem delas brincar com outros olhos
Falar de amor, eu sempre tento.
Falar de amor, sempre quis
Mais ele teima a ficar
Duas ou três galáxias
Longe, sem tempo.
Guardo no coração os quatro anos no mesmo lugar
O primeiro trabalho fiz ao seu lado
No trabalho de conclusão você estava lá.
Na memória estão os momentos felizes
Os de revelação e pranto também se fazem presentes
Todos formando um denso lago
A mover meu moinho de sonhos.
Guardo no coração os quatro anos no mesmo lugar
Nenhum deles me encantou tanto
Quanto a possibilidade de vê-la de rosa imponente.
A caminhar sobre os metros quadrados
Duma quarta avenida mista cheia de saudade e tristeza.
Um dia de forma tenra copiosa
No espelho parei-me a olhar
Ali! Minhas lágrimas deixei derramar.
Cada vertente de seu reflexo
Todos os segundos teimavam em lembrar-me
A mais dura de todas as minhas atuais verdades.
A cada plano da imagem desse espelho
Ainda dói perceber que a farda
Sempre terá mais encanto
Que todas as palavras de minha lavra.
Cada uma delas a fundar-se na sua retina
É uma maneira simples de tentar mudar a realidade
Cada uma destas que agora saltam nos sentidos.
Sonham sorridentes em tê-la sob meu ombro
Para quem sabe um dia
Ajudar-me a lapidar novas poesias.