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6/01/2015

FRESTA



Por Eric Costa e Silva

No casarão antigo dos dias de ontem
No ponto mais alto da ladeira
Homens se reuniam para saudar o mês de junho
Mulheres preparavam as listas de compras.

Em comum as alegres festas juninas
Onde as quadrilhas de crianças
Antecediam a de gente grande.

No quarto o menino olhava pela fresta
Já se fazia muito tarde
Para ele caminhar entre adultos.

No mesmo quarto sua irmã fingia o sono
Tudo para evitar as prolongadas conversas do irmão
Que todos os dias buscava um diálogo longo
Tudo com objetivo de manter o abajur ligado.

Ao olhar pela fresta de sua porta
Ele pode apenas ver um pequeno feche de luz
Da fresta também ecoavam as vozes
De toda aquela gente de dias de junho.

Ao olhar pela fresta a noite se fazia irmã
Ali podia sentir um vislumbre de outras possibilidades
Ali sonha com o dia de ficar até tarde
Nas rodas de conversa na sala.

Mesmo com medo do quarto escuro
O menino levanta-se de mansinho
Vai até a fresta espiar.

De repente, não mais que de repente
Sua mãe passa os olhos para a porta
Avista um olho pela fresta.

Sem demora lá vem a mulher
O menino corre para a cama
Fecha os olhos e também finge dormir.

Debaixo da coberta só pode-se ouvir
O barulho da porta sendo trancada
Agora a fresta que espanta o medo
É parte de um quarto escuro.