Por Eric Costa e Silva
No
casarão antigo dos
dias de ontem
No
ponto mais alto da ladeira
Homens
se reuniam para saudar o mês de junho
Mulheres
preparavam as listas de compras.
Em
comum as alegres festas juninas
Onde
as quadrilhas de crianças
Antecediam
a de gente grande.
No
quarto o menino olhava pela fresta
Já
se fazia muito
tarde
Para
ele caminhar entre adultos.
No
mesmo quarto sua irmã fingia o sono
Tudo
para evitar as prolongadas conversas do irmão
Que
todos os dias buscava um diálogo
longo
Tudo
com objetivo de
manter o abajur ligado.
Ao
olhar pela fresta de sua porta
Ele
pode apenas ver um pequeno feche de luz
Da
fresta também ecoavam as vozes
De
toda aquela gente de dias de junho.
Ao
olhar pela fresta a noite se fazia irmã
Ali
podia
sentir um vislumbre de outras possibilidades
Ali
sonha com o dia de ficar até tarde
Nas
rodas de conversa na sala.
Mesmo
com medo do quarto escuro
O
menino levanta-se de mansinho
Vai
até a fresta espiar.
De
repente, não mais que de repente
Sua
mãe passa os olhos para a porta
Avista
um olho pela fresta.
Sem
demora lá vem a mulher
O
menino corre para a cama
Fecha
os olhos e também finge dormir.
Debaixo
da coberta só pode-se ouvir
O
barulho da porta sendo trancada
Agora
a fresta que espanta o medo
É
parte de um quarto escuro.