Por Eric Costa e Silva
Nos
arredores do Jardim Suspenso de Sumaré, onde se reúnem alguns seres
espirituais de grande fé, o céu trazia as estrelas e a lua se
escondia mais uma vez dos olhos dos simples 595 mortais. Nesta noite,
ao som das luzes do conhecimento se apresentariam os ensinamentos do
contador de fábulas de literatura fantástica.
Entre
fênix, gralhas, gaivotas, porcos e gansos. O ruído como de costume
se tornava uma afronta para os ouvidos de qualquer um que deseja-se
de forma lenta, pregar os olhos no texto não lido da semana, ou
mesmo, quem sabe, do desejo daqueles que necessitassem apenas alguns
minutos de silêncio, depois de horas de labor a frio nas fileiras da
exploração bem-vinda.
Nem
um desejo, nem outro se podia escutar ao fim do túnel. Quando o
contador de fábulas, um tanto tocado pelos sentidos ateus, agora um
pouco abalado pela sombra incauta a tomar toda a base de seus olhos
em forma de um grande prédio a se fazer em sombras, apontou pela
porta de entrada.
Naquele
momento, as jovens aderiam a moda dos desejos carnais de especulação
dos seus objetos mais profanos, tais quais as mitres dos sonhos
encantados a desejarem ser um dia Afrodite, enquanto alguns pardos,
brancos e sem coloração definida sonham um dia alcançar sua
vitória por meio do conhecimento adquirido em noites de galos e
quintais. Porém, as estrelas estão nos céus para todos e o
contador de fábulas, carregava sua régua retangular mágica que
disseminava novas ondas de saber.
Hoje
apenas o poeta traz na memória que no encanto daquela noite, também
saracoteava a vaga e fluida lembrança da fumaça branca, na qual
ainda não tomava os arredores da sede da Igreja Central. Assim como
o homem no passado a escrever versos na areia, ao avistar o contador
de fábulas pisar dois passos além do batente, de bate pronto, tal
qual uma bola que pinga pronta para o caneleiro fazer o gol, um
rugido toma conta da voz do jovem poeta.
Que
tal um gavião branco argentino que seja mais visto como salvador dos
ares planetários e um servo amante dos animais. Um Francisco para
hoje ser o grande novo Santo Padre da revolução dos bichos humanos?
E a aula transcorreu com os poucos que escutaram com um semblante de
quem precipita mais um delírio sob o monte da vida do poeta.
Contudo,
a madeira se tornou de lei, a pedra da palavra se fez fundamental e a
força do destino, nos faz crer, algo mudou na cidade dos
espirituosos.