Por Eric Costa e Silva
Cá
estou a procura da palavra perfeita
Uma
folha em branco
Aos
poucos vai sendo preenchida.
As
palavras agora fluem
Na
varanda a parede ainda guarda a frase
De
que outros outubro virão.
Nas
ruas do passado não tão distante
Não
nos surpreendíamos com um bom dia
Nem
mesmo com um olhar desconfiado.
Cá
estou a procura do gesto perfeito
Para
lembrar o domingo no campo
Onde
as estrelas não ofuscavam o brilho
Da
paisagem de um pássaro da noite.
Hoje
sento na calçada
Vejo
que muitos dizem fazer o que não fazem
Batem
no peito e vociferam lutar pelo que não acreditam
Tudo
para saciar a fome de ser bem-aceito.
Um
outubro atrás do outro passou
Uma
história na frente da outra
E
as mudanças estão apenas nos discursos.
Qual
a diferença entre quem nos engana hoje
Daqueles
que nos enganaram ontem
Os
de ontem, hoje são desmascarados
Os
de hoje, amanhã também os serão.
No
meu outro outubro
Apenas
quero mudar de ares
Viver
uma vida diferente
Sair
do arco de influência de velhas raposas
Não
servir de prato principal no banquete para novos lobinhos.
Quero
continuar meu sonho de mudanças
Sem
precisar a toda hora ficar batendo palmas
Sorrindo
enquanto muitos choram.
Não
nego que a vida estava mudando
Mais
o chefe serve outra vez
A
receita amarga de antes.
Não
posso reclamar do garçom
Nem
do chefe da receita
Muito
menos do dono.
Eu
mesmo escolhi o cardápio.