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5/17/2015

INFÂNCIA



Por Eric Costa e Silva

O ano inteiro passei no anonimato
Uma vez ou outra um amigo novo
A beleza de aprender era constante
Tudo cheirava novo aos meus dez anos.

Nem tudo são lembranças amargas
De recreios sentado no banco a comer sozinho
Também tenho alegrias para fazer a mente brilhar
Tipo o dia em que ganhamos a sensação do momento
Um caminhão de Fanta Uva de graça.

Dos dias chatos das minhas dez velinhas
Está em primeiro lugar minha primeira prova
De outra sensação do momento
O horrível leite de soja que doeu na barriga por dois dias.

Dessa época mágica de dias de manhãs
As festas eram tudo que eu mais queria
A de fim de ano, o famoso amigo-secreto
Ainda carrego na memória latente.

Lembro de meu presente
Uma menina, Verônica, da casa das crianças
Um orfanato para meninas da minha cidade
Me agraciou com um sabonete artesanal.

Na hora não dei muita importância
Era apenas um sabonete
Até então que a menina disse:
- Eu mesmo fiz essa flor nele.

Hoje vejo tanta beleza nesse presente
Que faz me sentir um tanto triste
Para não compreender a beleza
De algo que para ela representava tudo.

Essa festa de fim de ano
Foi a primeira onde no amigo-secreto
Eu tirei a mesma pessoa que me tirou.

Eu lhe dei uma porta-joias
Daqueles que a bailarina gira
Com aquela música que toda menina lembra.

Lembro-me de seu sorriso
E mais uma vez penso eu
Quantas vezes aquela bailarina tocou na sua infância
Nas noites e dias que um orfanato pode nos guardar.

Alguns anos atras estava a caminhar
A irmã dessa minha amiga de infância
Me disse que ela estava namorando.

Com certa curiosidade perguntei como ela estava
E a irmã de minha amiga
Que pouco conhecia, afirmou:
- Está triste, seu namorado quer que ela se livre
Dum porta joias que ganhou na quarta série.