Por Eric Costa e Silva
O
ano inteiro passei no anonimato
Uma
vez ou outra um amigo novo
A
beleza de aprender era constante
Tudo
cheirava novo aos meus dez anos.
Nem
tudo são lembranças amargas
De
recreios sentado no banco a comer sozinho
Também
tenho alegrias para fazer a mente brilhar
Tipo
o dia em que ganhamos a sensação do momento
Um
caminhão de Fanta Uva de graça.
Dos
dias chatos das minhas dez velinhas
Está
em primeiro lugar minha primeira prova
De
outra sensação do momento
O
horrível leite de soja que doeu na barriga por dois dias.
Dessa
época mágica de dias de manhãs
As
festas eram tudo que eu mais queria
A
de fim de ano, o famoso amigo-secreto
Ainda
carrego na memória latente.
Lembro
de meu presente
Uma
menina, Verônica, da casa das crianças
Um
orfanato para meninas da minha cidade
Me
agraciou com um sabonete artesanal.
Na
hora não dei muita importância
Era
apenas um sabonete
Até
então que a menina disse:
-
Eu mesmo fiz essa flor nele.
Hoje
vejo tanta beleza nesse presente
Que
faz me sentir um tanto triste
Para
não compreender a beleza
De
algo que para ela representava tudo.
Essa
festa de fim de ano
Foi
a primeira onde no amigo-secreto
Eu
tirei a mesma pessoa que me tirou.
Eu
lhe dei uma porta-joias
Daqueles
que a bailarina gira
Com
aquela música que toda menina lembra.
Lembro-me
de seu sorriso
E
mais uma vez penso eu
Quantas
vezes aquela bailarina tocou na sua infância
Nas
noites e dias que um orfanato pode nos guardar.
Alguns anos atras estava a caminhar
A irmã dessa minha amiga de infância
Me disse que ela estava namorando.
Com certa curiosidade perguntei como ela estava
E a irmã de minha amiga
Que pouco conhecia, afirmou:
- Está triste, seu namorado quer que ela se livre
Dum porta joias que ganhou na quarta série.