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10/07/2012

Jornalismo e Cidadania: Visões iniciais.




Por Eric Costa e Silva.


A cidadania é tema fundamental para a construção da democracia, ambas são diametralmente imbricadas com o jornalismo. Para a boa compreensão básica, faremos um panorama pela História dessas relações. Nada muito aprofundado, porém com alguma relevância inicial a quem procura informar-se sob a matéria.
Na Grécia antiga o conceito de cidadania pode ser considerado incompleto, pois pela própria essência da constituição da sociedade grega, onde só era admitido como cidadão uma pequena parte constante do núcleo decisório e cidadão das polis, essa parcela mínima da sociedade era concedida aos homens livres e que não trabalhavam.
Já no período feudal, a cidadania era encarada a partir das próprias pré-disposições da aristocrácia e do clero, aqui ocorre um maior distanciamento do homem para com a cidadania, pois o divino é pleno e coletivo, mas os cidadãos não podem referir ao mesmo, essa tarefa fica a cargo da Igreja. Nesse sentido mesmo mitificado em uma concepção divinal, logo podemos aferir que se revela aos nossos olhos, o primeiro principio de cidadania ligada à forma individual.
Junto com o individualismo posto na prática feudalista, ergue-se a burguesia liberal que não estava contida no roll de status e estratificação social, mas ela já acumulava os primeiros capitais provenientes do comércio. Com os lucros captados pelos burgueses liberais, a mesma passa a nutri em si mesma a gênese do capitalismo e a partir desse modelo de produção, inicia-se a construção da narrativa liberal para constituir a hegemonia burguesa. Assim o burgo toma para si a noção individual e contribui com ações de individualização do Estado, tomando para si as rédeas do mesmo.
Para a constituição dessa predominância capitalista, a novidade criada na Alemanha por Gutemberg é crucial, pois ela de inicio vai inspirar tanto a luta contra o clero, além de atuar diretamente no novo modelo proposto, seja pelos exemplares das gazetas entregues nos portos (com a finalidade de informar o horário da chegada dos barcos e os preços de mercadorias), quer seja também pela criação da comunicação de massa ou dos próprios ideais liberais defendidos abertamente nestes novos veículos de informação.
Nos tempos contemporâneos ao lado do conceito de cidadania, surge outro, denominado de nova cidadania. Dentro desses conceitos, existe uma vasta obra que trata da criminalização dos movimentos sociais urbanos e rurais. Hora! Basicamente como ocorre essa tal criminalização? .
De certa maneira, ela se assegura a partir das coberturas do agendamento da mídia e das próprias técnicas de redação.
No agendamento negativo, todas elas surgem com informações pautadas em conteúdo pejorativo, tais como, “invasão”, “subversão”, “esquerdistas”.
No referido a técnicas de redação, analisamos, em uma busca rápida através da rede mundial de computadores, constatamos que outro fator relevante é aquela onde se observa, no caso de matérias que ouvem o MST, na maior parte delas, nenhuma fonte aparece no lide da matéria, isso, já demonstra certa tendência à ocultação da relevância das palavras dos lideres desse movimento rural, pois o lide é parte fundamental para o interesse do leitor.
Uma bela contribuição que relaciona a compreensão entre Jornalismo e Cidadania são os conceitos de Victor Gentilli. Neste, colabora afirmando, “um jornalismo produzido em condições de oferecer, da melhor maneira possível, uma forma de conhecimento do mundo, que permita ao cidadão as condições de escolha quando se tratar de direitos políticos, que ofereça as informações básicas (jornalismo de serviços) para desenrolá-lo e o cotidiano de suas atividades deve pensar a práxis do profissional no contexto amplo da ampliação da cidadania, do pluralismo, da liberdade, da democracia”.
Já a complexidade do conceito de nova democracia para Evelina Dagnino, nos informa que "ao contrário da concepção liberal, não se vincula a uma estratégia das classes dominantes e do Estado para a incorporação política progressiva dos setores excluídos, com vistas a uma maior integração social, ou como condição jurídica e política indispensável à instalação do capitalismo. A nova cidadania requer (e até pensada como sendo esse processo) a constituição de sujeitos sociais ativos, definindo o que eles consideram ser os seus direitos e lutando pelo seu reconhecimento. Nesse sentido, ela é uma estratégia dos não-cidadãos, dos excluídos, uma cidadania ‘de baixo para cima".
Estas são considerações envoltas a esse promissor tema atual do jornalismo. Em nenhum momento, o deste artigo, esteve presente o objetivo de finalizar o debate do conteúdo, alias, a nosso ver, o mesmo, ainda tem muita lenha a queimar.

10/05/2012

A ideologia tem lugar no Jornalismo?




Por Eric Costa e Silva.

Os cânones jornalísticos que remontam ao inicio do século passado nos apresentam as idéias para que o jornalismo seja considerado de boa qualidade, neste, invariavelmente consta a imparcialidade, a isenção e a objetividade tanto do veiculo como do profissional de jornalismo.
Muitos dos seguidores destes postulados que ainda caminham pelos corredores dos cursos de Jornalismo, esbravejam aos quatro ventos que no jornalismo não existe espaço para a ideologia.
E o que fazer com os jornalistas que tem uma opção ideológica clara? Caso se encaixe no perfil de jornalista com ideais, você tem uma saída. 
O livro reportagem na sua essência admite que o seu criador expresse os seus valores, onde pode constar neste o aspecto relevante da resistência. Entenda-se resistência o ato de voltar contra a ordem do modelo proposto nas décadas de 20.
Vale ressaltar, em um tempo não tão passado assim, as dificuldades de implantação de grades curriculares que contivessem a disciplina de Jornalismo Literário (uma das bases do Livro Reportagem) e da própria escassez de estudiosos e materiais teóricos voltados a essa área de concentração era pouco trabalhado.
Não podemos esquecer. O conhecimento dos conceitos e características desse campo são essenciais para escrevermos um bom livro reportagem.
Hoje universidades conceituadas como a UNESP de Bauru, a Universidade Nacional de Brasília, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul entre outras, trazem mestrados e doutorados nessa área de concentração. 
Muitos são os simpósios, colóquios, congressos e trabalhos teóricos qualitativos apresentados a sociedade.
Para quem gosta e quer começar a trilhar caminho nas linhas do jornalismo literário e escrever um livro reportagem, indicamos que se faça um estudo das obras de Edvaldo Pereira Lima. A sua contribuição é extensa e em uma delas ele contextualiza, “o livro-reportagem cumpre um relevante papel, preenchendo vazios deixados pelo jornal, pela revista, pelas emissoras de rádio, pelos noticiários de televisão. Mais do que isso, avança para o aprofundamento do conhecimento do nosso tempo, eliminando, parcialmente que seja, o aspecto efêmero da mensagem da atualidade praticada pelos canais cotidianos da informação jornalística”.
Consideramos importante a disciplina de Jornalismo Literário, pois é nele que podemos aprofundar a noção do livro reportagem, sem que exista divisão de espaço-tempo com outros conteúdos. 
Com a matéria nos bancos dos cursos de jornalismo, poderíamos discutir de forma mais clara, conceitos diferenciais existentes no cerne do livro reportagem, ou seja, estou falando de jornalismo informativo apenas extensivo, jornalismo interpretativo extensivo e intensivo, jornalismo opinativo de lugar de proteção de princípios, jornalismo investigativo e suas nuances de denúncia e o jornalismo de lazer, conceituado como diversional. 
Voltando as vacas frias do jornalista com posição ideológica, finalizamos. Não será nessa oportunidade que esclarecerei as diferenças contidas entre correntes de pensamento de esquerda, direita e centro. 
Porém com certeza você verá aqui nesse blog algo sobre o tema.