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3/31/2015

5 anos depois, Morro do Bumba Uma Tragédia Realmente Anunciada!




Por Eric Costa e Silva


Uma pausa inicial para uma consideração, sempre sonhei em ser jornalista, mas as situações da vida, nunca aviam deixado o mesmo se apoderar de meus dias. Porém, o ano é o de 2010, uma bolsa por mérito no Programa Universidade Para Todos, tenho uma boa História com esse programa, desde os anos que era apenas um querer, mas a bolsa me deixava feliz.
Para ser mais exato, estávamos em finais de Março de 2010, com o indicativo de um trabalho de tipos e enfoques de reportagens televisivas, solicitado pela Professora Ágatha Urzedo, fez com que revira-se os arquivos de um computador velhinho e de anotações antigas de prováveis trabalhos de conclusão de curso de Geografia da FCT-UNESP.
Estava em busca daquilo que poderia ser uma pauta, a intuição da prevalência me fazia crer, estávamos em vias de um fato marcante, é o que muitos chamam de faro de notícia.
Dali tirei a força motriz para anotações de lugares onde ocorreu na História recente, ocupações de áreas antes destinadas a aterros sanitários para formação de comunidades (as comumente favelas), em especial, as do Estado do Rio de Janeiro.

A aula de apresentação e susto

Naquela noite a aula transcorreu com especial atenção de todos os alunos presentes, talvez devido ao chamado “toque” de que a matéria a ser estudada seria de vital importância para um trabalho com obtenção de nota parcial da disciplina.
Longas explicações pontuais e chega a derradeira hora de ter mais uma vez que batalhar um parceiro de trabalho, grupos sendo formados e tenho a grata satisfação de combinar participação com Marcelo Martins, aula terminada e começamos a conversa sobre o trabalho ali mesmo, como dito, já sabíamos do mesmo por meio da ementa.
O poeta olha profundamente nos olhos do parceiro de trabalho, olha para a mesa e a notável Professora Ágatha Urzedo arrumava seus materiais de aula.
Eis então, quando sem parcimônia, o poeta com voz firme fala ao seu amigo. Isso é em off, devo lembrar, não deve ser publicado. Vamos dar um jeito para pegar o vídeo sob o deslisamento do moro do Bumba.
Como de costume, Marcelo interrompe e avalia que devemos apurar a data para a busca ser mais facilitada.
Daí a surpresa, o poeta poente com mais uma vez em tom firme diz, acontecerá em tempo, ainda não rolou, mas vai rolar antes do seminário acontecer.
O sorriso de Marcelo só é coberto pelo rosto que aprendi a reconhecer a muito tempo, o rosto misto de surpresa e de quem se depará com algo, meio considerado como verossímil.
Os dois se encaminham para a porta e o poeta poente pergunta, vai rolar, fazer! Marcelo com tom de despreocupação, comum para seus dias, diz, você está louco? Virou vidente?
O poeta frange pela primeira vez a testa com o amigo e solta um eterno, vamos ver, a História desses dias me absolverá de seu insulto e ponderou, vamos fazer sim!
Nessa hora as pequenas e grandes, Stefany Souza e Aline Ceolin passam pelo corredor, bem perto a porta. Minha primeira constatação de curso a ponderar, eu mesmo as pessoas não querendo, começava a ser escutado e Stefany olha com um semblante maroto e diz, vou fazer também.

Game Over no Bumba:

A tragédia do moro do Bumba ocorre por volta de 8 horas da noite sob os olhos de ponderações e muita cobertura dos veículos de mídia, a área já foi um depósito de lixo há 50 anos, naquele momento apenas conseguia acompanhar pelos dias a dor das famílias que perderam entes queridos, a dor deles de certa forma também era a minha. Toneladas de lixo em decomposição vieram a baixo, deixando um rastro enorme e engolindo um sem fim de vidas, cerca de 50 casas envolvidas no deslisamento, segundo a defesa civil.
O deslisamento como sabemos matou 267 pessoas, minha História de vida, muito se aprendeu a contar mortos, muitas vezes não consegui lidar com isso e sofri consequências de desestabilização emocional. Com o bater de um sino a um colega de profissão, aqui não cabe divulgar a conversa, mas sim o toque do sino eternizado pela entrevista de Fátima Bernardes, de volta a externas depois de muitos anos, entrevista a pequena e já madura Laura Beatiz, 8 anos. A tristeza e a amrgura se dão num misto de uma superação nas palavras da menina, ela mesmo diz, no fim da entrevista, vou seguir minha vida em frente, qualquer outra criança estaria abalada de mais para falar, depois de ser carregada pelo lixo até bater a cabeça no muro e ser encontrada pelo Pai.

O Seminário e as Apresentações

A tragédia de Abril de 2010 foi tema principal de todos os seminários e em todos a entrevista de Laura estava presente e a cada uma delas apresentada, eu voltada meu olhar para a Professora Ágatha, como quem desejava não ver aquilo na História, mas com um misto do faro de prevalência intuitiva estar apurado.
Quando vi a Professora, tirar seus óculos e levar as mãos aos olhos, com intuito de segurar as lágrimas, essas também as foram de todas as pessoas, uma a uma que apresentavam o trabalho com o conteúdo, no qual para todos, foi uma tragédia anunciada.

Mande Notícias Laurinha e todos os amigos, colegas e profissionais que se lembrem de partes dessa História.

3/30/2015

JANGADA QUE PASSA


Por Eric Costa e Silva

Já cai a noite na minha jangada
A lua se coloca sob meus olhos.
Ali presente o eu menino
Ali presente o eu jovem
Aqui presente o eu jovem velho.

Nos dias desse outono cinza
Cá estou sob o calor do passado
A escrever essas parcas linhas.

As vezes escrevo para pessoas que amei
As escrevo para as que nunca me amaram
As escrevo para aquela que um dia me amará.

As escrevo com o tinteiro
A lembrar de uma pessoa
Que um dia comecei a amar.

Essa, tal qual os dias nublados
Mesmo com o doce dos seus beijos
Ainda a marcar meus lábios
Fui mais uma vez preterido no livro da História.

De tempos em tempos
Sou pego pela vontade desse passado.

De tempos em tempos
Eu tento manter uma conversa amistosa
Sem falar de amor
Sem falar de minha flor que hoje é dor.

Agora vejo que atrapalho
Tudo ficou no ontem não começado
Desculpas! Apenas isso.

Não devia invadir seu tempo presente
Com minha presença do calendário antigo
Mais por vezes gosto de conversar
Com aquela que um dia amei
Sem mesmo ser amado.

Não devia invadir seu tempo presente
Com minha presença do calendário antigo
Mais por vezes gosto de conversar
Com a fina rosa
Na qual conhece-me no período da minha juventude.

Período chato que me lembra muitas derrotas
Mais alguns sorrisos marcam
Uns lábios se encontraram
Sem mais, desculpas novamente. 

3/29/2015

Domingo de Ramos



Por Eric Costa e Silva

Hoje vou à Igreja Matriz
Lembrar da entrada de Jesus
Na cidade majestosa de Jerusalém.

Quero levar meu ramo
Para tornar-se cinza
Que de certa forma
Vai ungir um Cristão
Talvez até melhor que eu.

Hoje vou à Igreja Matriz
Enquanto meus eternos
Fazem seus votos no Pai Eterno.

O Príncipe da Paz traz alento
Faz o ontem de dor
Ser posto para longe.

Por hoje abandonei o amor de homem
Para falar de uma amor maior
Um amor de mais de dois mil anos.

Por hoje abandonei o amor de homem
Para viver uma verdade plena
A surgir nos corações cativos
De um sem fim de humanos.

Vida plena é essa
Enquanto me digas
Uma mentira duraria tanto.

Já que o ditado nos mostra
Ela não dura uma palmeira em anos
Nem mesmo cem anos.

Hoje vou à Igreja Matriz
Para fazer surgir em mim
As cinzas do meu passado.

Hoje vou à Igreja Matriz
Para dar graças livres
Dum Homem Livre
Em mais um Domingo de Ramos.

3/28/2015

Águas de Ilusão



Por Eric Costa e Silva

Tarde da noite e nossa música toca
Em uma dança de colégio
Os sonhos de uma nova deusa bailam.

Tarde da noite e nossa música toca
A ilusão do passado torna-se una
Tão terna quanto a minha tarde
Sentado ao lado do Luighi negro
Bem depois da rua de aeroporto ao fundo.

Tarde da noite e nossa música toca
A ilusão do passado torna-se una
Tão terna quanto a minha tarde
A espera duma visita sua.

Gostaria que fosse hoje, ontem e amanhã
Minha eterna caminhante
E sobre as águas de qualquer praia
Sorrisse com o doce de seu sotaque.

Línguas que se enrolam é meu querer
Será que seus passos a levaram a meus bites
Ou as coisas do seu passado glorioso
Ainda a faz chorar.

Chorar pelos cantos as perdas
Choro eu também nessa manhã
Pelos cantos da mesa
Onde meu crânio se faz jantar.

Chorar pelos cantos as perdas
Choro eu também nessa manhã
Pelos cantos da mesa
Onde você sem nem mesmo falar uma palavra.

Tarde da noite e nossa música toca
A ilusão do passado torna-se una
Tão terna quanto a minha manhã 
A fazer vista com aquele que senta no tronco.

Tarde, Manhã e Noite
E eu aqui sempre sozinho
A espera do vento para bater as asas
Em mais um dia de outono
Donde os balões não encontram eco.

3/27/2015

O PASSADO EM TEMPO


Por Eric Costa e Silva

Amadas palavras românticas de hoje
Nunca as conheci plenamente
Quanto conheço na pele parda
A dor das lutas de meu tempo.

Das lembranças do passado
Um dia em muitos encarnados
Apenas nos restaram os olhares
Cada vez mais distantes.

Das vidas calejadas nas esquinas delirantes
A espera de mais um dia de labor
Donde tudo e todos caminham sedentos
Ao vale abismático das enchentes passadas
Todas postas em bites e elogios de tristeza.

Certos das nossas presenças em cantos
Em nossos peitos fluem os reinos fugazes
As plenas penas verdejantes abstratas.

Verdejantes também são as palavras
Passadas por séculos e séculos de anonimato
Ah! Todas vontades solidárias
De seres não tão compreendidos
A espera do raiar das magníficas Histórias simples.

De ti sol com liberdade
Que irradia alegria em meu dia
Não esperamos apenas uma estrela.

Nem desejamos o império da indiferença
Calcada no engessamento peremptório dos homens.
Apenas marcados pelo esquecimento das vidas
Das nuvens gerais aladas das obras espontâneas.

De ti estrela irradiante
Desejo o doce do perfume
A dançar pelas minas mãos.

De ti estrela irradiante
Quero apenas um olhar
Uma palavra de bom dialogarem
Quem sabe o coração aberto
Para uma nova etapa.

Onde seu sol
Junte-se a minha lua
Para ir além das filas intermitentes
Dos pés juntos a amassar o sal da Terra.

3/22/2015

SERTÃO


Por Eric Costa e Silva

Nas terras arridas dos pensamentos
Aos pés dos espelhos caminhantes
Caminham os povos cansados
Sob as sombras frondosas
De algumas acácias milenares.

Em cada grotão
Ainda permanecem vivas
Todas as formas da tarde.

No fundo dos olhares
Suas forças verdejantes são guardadas
Em plenos campos escassos
Que um dia visitaremos sob o sol.

Desde criança pequena
Aprendi a brincar com as nuvens
Ali! No céu, cada homem é uma nuvem.

E sob a nossa vontade
Cada parte se reflete em um rosto
Que ainda não vi.

As vezes dragão
As vezes um doce
Outra um elefante
Outra a face do Amor.

E a cada imagem que se forma
Me faz pensar
Em quem sabe um dia
Ficar eu eterno na memória
Das nuvens de meus descendentes,

Não tenho mais dúvida
Todas as dores dos esquecimentos colossais
Que as nuvens guardaram para eu.

Hoje embalam as toadas maniqueístas
Que me traz os cantos encantados
Dos amores em couro
Donde homens degustam
Um bom bode transparente assado.

Hoje todos somos sertanejos globais
Pouco olhamos as nuvens
Nem mesmo a alvorada vemos.

Que venham as balanças bailantes
Que Sobre a dor de um prato ralo de feijão com fubá
Feitos as sombras de árvores
Vivam nosso sertão.

Tal qual as nuvens
Mesmo com tempos em manga parca
Os homens vivem e reproduzem sonhos
Eles vivem e dão ao mundo novas vidas.

Cada uma delas
Sem querer já nascem fortes
Com percepções salutares do lugar
Numa simbiose farta
Sempre ensinam ver a chuva
Além de sentirem no corpo o sol dos dias.

3/21/2015

OUTONO


Por Eric Costa e Silva

Esse é o primeiro dia do outono
Das suas pétalas caídas ao solo
Uma em especial me tomou a atenção
Pois dela vi nascer um ninho.

E todas as manhas
Para olhar o futuro filhote parava
Assim…Sem mesmo perceber
O tempo esvaia em tons amarelados.

Nas horas de observação
Um bom livro me acompanhava
E nada era tão belo
Quanto o início de cada dia
Que só a árvore via.

Sempre com um bom vinho
De baixo dela ficava em horas sólidas
E num dia nem tão azul
Pude ver o filhote gemer
Suas asas batiam leves
E elas também levavam serenos
Todos os meus pensamentos.

As asas sacudiam
No fundo os relâmpagos caíam fulminantes
Já dos nossos corpos
Os sonhos foram erguidos pelos nossos temores
Calcados no medo do desconhecido
E só para marcar nossas vidas
Hoje com graça acredito
Mesmo com o medo

Que o pássaro e eu não estamos na gaiola.

3/20/2015

RECADO SIMILAR


Por Eric Costa e Silva

A medida dos nossos desejos
Até pode ser realizados
Com grandes esforços
Nos palcos da práxis.

Não lhe dei flores
Nem mesmo disse palavras doces
Mais sei o que sinto.

Algumas vezes perco o rumo
A vela não recebe vento
Para nos levar além-mar.

Mesmo assim semeio as folhas
Com todo o querer infindável da poesia.

Até nos lúgubres da insensatez humana
Somos conscientes dos nossos feitos
E há tempos sabemos em ré maior!
Não podemos ter tudo e até nem o nada
Apenas, vivemos os instantes com vitalidade.

Não nos entregamos à futilidade da desistência
Pois a cima de nós
Temos a certeza insubstituível
Que dos céus da ideia e ideais, caminham alegres
Os anjos dos jardins suspensos
Sempre ali postos, faceiros
A nos acompanhar e fazer jorrar seus sussurros.

Nos resta agora em cavalgada maior
Apenas colher a cela dos frutos
Voar pelos méritos do acumulo vital
Dum mundo, necessariamente melhor.

Sem as insatisfações das rotinas de nossas dores
Sem o recital em sol maior do silêncio
[espiral.