Translate In Blogger

3/22/2015

SERTÃO


Por Eric Costa e Silva

Nas terras arridas dos pensamentos
Aos pés dos espelhos caminhantes
Caminham os povos cansados
Sob as sombras frondosas
De algumas acácias milenares.

Em cada grotão
Ainda permanecem vivas
Todas as formas da tarde.

No fundo dos olhares
Suas forças verdejantes são guardadas
Em plenos campos escassos
Que um dia visitaremos sob o sol.

Desde criança pequena
Aprendi a brincar com as nuvens
Ali! No céu, cada homem é uma nuvem.

E sob a nossa vontade
Cada parte se reflete em um rosto
Que ainda não vi.

As vezes dragão
As vezes um doce
Outra um elefante
Outra a face do Amor.

E a cada imagem que se forma
Me faz pensar
Em quem sabe um dia
Ficar eu eterno na memória
Das nuvens de meus descendentes,

Não tenho mais dúvida
Todas as dores dos esquecimentos colossais
Que as nuvens guardaram para eu.

Hoje embalam as toadas maniqueístas
Que me traz os cantos encantados
Dos amores em couro
Donde homens degustam
Um bom bode transparente assado.

Hoje todos somos sertanejos globais
Pouco olhamos as nuvens
Nem mesmo a alvorada vemos.

Que venham as balanças bailantes
Que Sobre a dor de um prato ralo de feijão com fubá
Feitos as sombras de árvores
Vivam nosso sertão.

Tal qual as nuvens
Mesmo com tempos em manga parca
Os homens vivem e reproduzem sonhos
Eles vivem e dão ao mundo novas vidas.

Cada uma delas
Sem querer já nascem fortes
Com percepções salutares do lugar
Numa simbiose farta
Sempre ensinam ver a chuva
Além de sentirem no corpo o sol dos dias.