Por Eric Costa e Silva
Antes mesmo dos relógios globais. Datava
no relógio temporal o ano de 1998. Um dia antes, uma grande
manifestação de 100 mil pessoas tivera tomado o território de
brasília, todos com um só intuito, o de colocar em xeque, a
politica econômico-social do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Naquela
manhã ecoava por todos os arredores da capital as palavras de
Aloysio
Nunes Ferreira, “o
número ficou abaixo do esperado, Isso demonstra que, além de estar
sem rumo, a oposição está sem eco na sociedade”,
disse.
Talvez
ele não soubesse, mas naquela manhã já se esperavam algumas
lideranças de movimentos sociais e de partidos políticos do campo
de esquerda na CNBB.
O
aedo poeta, conhecido por se apresentar pelo nome de aves de rapina
caminha com o hoje e sempre promessa, professor Dr. Júlio Cesar
Ribeiro.
Um
passo a frente e prontos para fazer a reviravolta, os dois
vão
até
a sede da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) até
onde os mesmos os levariam a debater na primeira reunião do
Movimento Brasil: Outros 500, as formas denotadas na História da
Ilha
Brasil.
Até
nos grandes eixos a capital se mostra bela, um sentido de temperança
ainda toma conta dos motoristas, basta dar com o braço erguido,
pronto o trânsito que fluía para e o pedestre pode seguir seu rumo.
Também era tão belo a manhã, o céu de um azul-turquesa, com
pequenas nuvens brancas a cintilar no fundo.
Ao
chegar a sala de reuniões ambos
se sentam nas primeiras filas, os debates são iniciados por
volta das nove da manhã e
o movimento começa a tomar forma.
Primeiro
como de costume foram feitas as apresentações, um a um, os
movimentos sociais, um a um os partidos. E a cada fala se apercebe-se
a necessidade urgente de fazer valer a história de muitos povos
dizimados, de muitas etnias escravizadas, de muitos pobres esquecidos
como estatísticas de fim de festa.
Todos
com ponderações perfeitas sob a história ainda não contada nos
livros do ensino regular, porém, nem tudo em um local onde fluem
pensamentos são pontos cordiais, desta maneira, se sente as falas
mais duras.
Uma
representante do Movimento Negro inicia o tom,
quero
saber dos Partidos Políticos aqui presentes, vocês vão ajudar de
forma efetiva e financeira o movimento Brasil: Outros 500? O silêncio
se fazia valer entre os membros de agremiações, assim o jovem
poeta, toma a palavra e sem nenhuma intenção de retalhar apenas
apresenta. Você como representante do Movimento Negro deve saber a
dificuldade de Partidos sem nenhum mandato conseguir bancar alguma
coisa, deve saber, alguns
sobrevivem de cotização dos seus membros e da venda do jornal.
Então creio…
É
leitor, como disse, nem todas as ponderações em comum garantem nem
mesmo a continuação de uma fala e muitos começam a reclamar da
falta de compromisso financeiro dos partidos ali presentes, a tônica
resulta em gritos de é sempre assim, vocês nunca tem dinheiro para
as prioridades das massas, mas sempre aparecem!
Ali
estavam presentes Partido dos Trabalhadores, Partido Comunista do
Brasil, Partido Comunista Brasileiro e Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado, também em alguns textos da época,
localizados no segmento da História, no singelo título de “e
outros”.
O
hoje Dr Júlio
com
seu pouco sorriso habitual, meio insatisfeito
com o tom de voz da mulher salienta,
as
nossas bandeiras e nossos agentes de modificação social nunca
faltam a atos como este. Vendo
o amigo passar de observador pesquisador, o poeta
pede
silêncio e quando o mesmo mais uma vez faz corro, toma a
palavra e sugere que seja marcada outra reunião para tratar deste
fato e que por enquanto que se vote o indicativo da doação dos
partidos de
acordo com decisão de suas Executivas Nacionais.
O
tema então
é colocado
em votação e a
maioria vota
pelo indicativo, o que leva muitos da pequena bancada a ficarem
perplexos com o restante dos membros da reunião. Já
aqueles desejosos de uma decisão logo na primeira reunião do
Movimento Brasil: Outros 500, ainda as burburinhos resmungam entre
si, uma não decisão é um ato
de falta de compromisso dos partidos presentes com a luta e a
opressão de séculos.