Por Eric Costa e Silva
Nesta tarde estava vidrado
Com meu espelho empunhado
A fazer o remo da memória
De todos os meus dias.
Não mais que de repente
Um
caramujo jovem velho
Pela área de minha casa
caminha
Com
todo seu passo vagaroso chegou.
No
seu rastro meio meloso
Já
se vão as suas histórias
Umas
mais lindas que as outras
Umas
mais cheias de despedidas tristes.
Quem
apreende viver do cotidiano
Sabe!
Tudo nele tem importância.
Sejam
os sapos, pedras e peixes dos rios
Sejam
o mato alto do caminho
Os
pássaros multicoloridos
Ou
mesmo essa pobre lesma.
Nessa
tarde ela me chamou para conversar
Ficou
espantada com minha forma
De
o olhar vidrado os espelhos.
Tanto
eu como o caramujo
Estava
ali, buscando paradigmas
Há
tempos e horas.
Busca
diária minha parada
Busca
diária dele em movimento
Tudo
para rever em breves palavras.
Todas
as nossas felicidades
Todas
as nossas tristezas
Todas
as maneiras de fazer do eu
Uma
persona compreendida pelo nosso tempo.
Entre
um passo lento e outro
Com
sua sábia conversa
O
caramujo me deu a deixa.
Tu
és o rastro que deixa na memória das pessoas
Se
elas a buscam para agradecer
Um
dia foi importante.
Se
não o buscam talvez pelo fato
De
não terem o percebido
E
se ao menos a memória vir a tona
Saiba
que dentro dele está o presente
Que
se faz em pensamentos futuros.
E
o sol do amanhecer
Nada
mais é que o alvorecer
Dum
querer antigo.
Nessa
busca pude constatar
Seja
para caramujos homens
Ou
caramujos viajantes.
O
sol do amanhecer
Nada
mais é que o alvorecer
Dum
querer antigo.