Seja Humano pelo menos uma vez
Não critique os atos de quem luta
Não critique a vida de quem sonha com a terra.
Seja Humano pelo menos uma vez
Todos têm algum erro
E não merecemos morrer
Por sonhar com a felicidade.
Há dezenove anos
Paulo fazia História
Uma trama de sangue e lágrimas.
Enquanto Pantoja comandava a operação
Das propensas leis e do servir ao público
Logo chegaram todos os homens
Já com bombas de gás lacrimogêneo.
Naquele dia são ouvidos estampidos
Um a um caem dezenove
Um a um ainda vivem na memória.
Muitos não os vêem com bons olhos
Creio que devido a mais preconceitos
Do que vontade de conhecê-los.
Neste dia de lembrar fatos inglórios
Nós reerguemos o Monumento Eldorado Memória
Que um dia da mente de Oscar Niemeyer
Ganhou os
ares de Marabá.
Agora nós reerguemos em poesia
O Monumento Eldorado Memória
Que um dia
foi feito em pó.
Agora
lembramos Ricardo
Marcondes
Homem denunciante da História
Que no papiro dos nossos dias
Diz-nos que foram pagos níqueis de propina
Para que no chão tombasse
Os líderes dos sem-terra.
Seja Humano pelo menos uma vez
Todos têm algum erro
E não merecemos morrer
Por sonhar com a felicidade.
Lembro-me de ver-me
No meu primeiro congresso em Franca
Quase atônito e chocado.
Com todas as fotos dos cadáveres
De homens Sem-Terra
Que tombaram em Eldorado dos Carajás.