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2/21/2015

POETA em AFLIÇÃO



Por Eric Costa e Silva

             Aos sons das modas apaixonadas dos encantos. O poeta canta os fados de sua vida guerreira de alma clerical, fervoroso ele caminha rumo a tão esperada fonte paladina da eterna força, essa brota dos meandros das antiguidades, seus relatos de curas de corpos e espíritos são passados de gerações a gerações, tal qual a magia das mais belas linhas dum livro repleto de segredos.
            A ansiedade de chegar faz o poeta tomar uma dose diária de algumas pílulas, elas fomentam dentro de seu corpo e em alguns instantes impedem ele de distinguir as belezas mínimas apresentadas no firmamento meio cor de esperança exposto na paisagem aparente deste frondoso dia de sábado.
            Longos passos após passos, seus pés em estados latentes, a ponto de formar grandes e dolorosas bolhas tomam forma dos espaços das suas visões que não mais fundamentam os estandartes das vontades passadas de poder ele comunicar aos pássaros os longos dias da chegada do terceiro milênio.
            Os caminhos da sua vida os fazem perceber uma linda aurora mística e mítica a cobrir as vontades das contadas nuvens, e o seu nariz aponta para a marca valorosa da arquitetura das belas casas, nelas saltam aos olhos os magníficos florões de ouro nas portas, elas demonstram o extremo poder erguido pelas mãos dos povos da longínqua África, e nele dói a lembrança deste período, onde existia a negação do bem da liberdade e a esperança se punha na fuga ou na compra de sua própria vida.
            Ao descer uma rua íngreme, logo à frente o poeta sente nos olhos a territorialização da praça dos Justos, mesmo estando a certa distância o ar calmo e sedento de explicações por ele é tomada pela presença mágica da tão esperada fonte e o poeta vê seus pelos arrepiarem, isso o faz tirar seu último folego para que o mesmo corra para junto desta maravilha antiga.
            Ao chegar mais perto a chuva fina envolve gota a gota todo o seu corpo físico e mental, delas pairam o som das belas lembranças do tempo onde ganhara um dia a vida a declamar poesias de sua própria lavra. Nesses dias acordava cedo, pegava sua cartola e partia para a rua do ouvidor e com o passar das horas alguns trocados eram dados a ele pelas mãos de sensíveis seres, todos encantados com a magia das palavras postas em união carnal com sua voz rouca a ecoar no correto azul-turquesa.
            Agora chegado à fonte o poeta relembra o rosto angelical da amada, jovem de sinceridade infindável com um sorriso brando, mas este amor platônico nunca terá na realidade um bom final, pois entre eles existe um enorme abismo Histórico material, de um lado a pobreza econômica do poeta e do lado da linda jovem, uma riqueza imensa cheia de conveniências, estas resultados de séculos de rapina familiar das explorações das vidas alheias e do próprio modo arcaico de deixar outrem nas margens cativas.
            E a fonte sacia os tempos onde seus passos não viram a água, ela também lhe dá uma força fenomenal, força que vem apontar as coisas que ele já sabia, a água abre a sua mente e o faz ver que apenas em sonho terá a sua princesa arrogante nos braços, ou apenas nas suas poesias ela poderá beijar sua boca.
            Jogado dentro da fonte de gole a goles tomados pela cuia de sua própria mão, o poeta procura aumentar a sua coragem, depois de algumas doses ingeridas em demasia a sua barriga já não mais aguenta tanta água milagrosa e como ela faz efeito rápido e a sua consciência imaterial, agora o convence de voltar a viver no palco do anonimato dos seus sentimentos tão profundos.
            Com os sentimentos voando no espaço o poeta caí ao solo e ao olhar para o céu, vê pela primeira vez a lua tomar formas de desenhos, onde ele e sua amada vão ao altar, dali também se observa a grandeza de cinco grandes homens, tal qual a imagem de seres que um dia foram derrotados, mas não deixaram de lado o seu semblante imponente, uma criança de cinco anos traz nas suas mãos a bandeira e o facão, enquanto o astro-rei, já tenta no horizonte quebrar os primeiros véus da alvorada.
Ao lado da fonte, de seu corpo nasce uma ardente tocha da vontade humana, agora basta a esperança dele acordar do prejudicial desmaio e que Deus ajude o pobre a encontrar alguém no seu caminho, quem sabe ela, quem sabe outra nova, quem sabe uma nova poesia donde se possa ver florescer mais uma vez seu grande sentimento de liberdade aliado a compreensão da paisagem exposta junto da fonte inesquecível.

            Mais o poeta não volta de seu desmaio e seu corpo é envolvido pelas mãos dos mais belos anjos, eles o levam ao paraíso e lá ele não precisa mais amar uma só mulher, agora tem ele o trabalho de amar e proteger todos que no mundo necessitem desta benção. Pois ele mesmo agora é querubim a proteger os outros poetas, dos quais um dia partirão na busca da fonte paladina.