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4/22/2015

Brasil são Outros 500: Lembranças da 1° Reunião


Por Eric Costa e Silva

Antes mesmo dos relógios globais. Datava no relógio temporal o ano de 1998. Um dia antes, uma grande manifestação de 100 mil pessoas tivera tomado o território de brasília, todos com um só intuito, o de colocar em xeque, a politica econômico-social do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Naquela manhã ecoava por todos os arredores da capital as palavras de Aloysio Nunes Ferreira, “o número ficou abaixo do esperado, Isso demonstra que, além de estar sem rumo, a oposição está sem eco na sociedade”, disse.
Talvez ele não soubesse, mas naquela manhã já se esperavam algumas lideranças de movimentos sociais e de partidos políticos do campo de esquerda na CNBB. O aedo poeta, conhecido por se apresentar pelo nome de aves de rapina caminha com o hoje e sempre promessa, professor Dr. Júlio Cesar Ribeiro.
Um passo a frente e prontos para fazer a reviravolta, os dois vão até a sede da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) até onde os mesmos os levariam a debater na primeira reunião do Movimento Brasil: Outros 500, as formas denotadas na História da Ilha Brasil.
Até nos grandes eixos a capital se mostra bela, um sentido de temperança ainda toma conta dos motoristas, basta dar com o braço erguido, pronto o trânsito que fluía para e o pedestre pode seguir seu rumo. Também era tão belo a manhã, o céu de um azul-turquesa, com pequenas nuvens brancas a cintilar no fundo.
Ao chegar a sala de reuniões ambos se sentam nas primeiras filas, os debates são iniciados por volta das nove da manhã e o movimento começa a tomar forma.
Primeiro como de costume foram feitas as apresentações, um a um, os movimentos sociais, um a um os partidos. E a cada fala se apercebe-se a necessidade urgente de fazer valer a história de muitos povos dizimados, de muitas etnias escravizadas, de muitos pobres esquecidos como estatísticas de fim de festa.
Todos com ponderações perfeitas sob a história ainda não contada nos livros do ensino regular, porém, nem tudo em um local onde fluem pensamentos são pontos cordiais, desta maneira, se sente as falas mais duras.
Uma representante do Movimento Negro inicia o tom, quero saber dos Partidos Políticos aqui presentes, vocês vão ajudar de forma efetiva e financeira o movimento Brasil: Outros 500? O silêncio se fazia valer entre os membros de agremiações, assim o jovem poeta, toma a palavra e sem nenhuma intenção de retalhar apenas apresenta. Você como representante do Movimento Negro deve saber a dificuldade de Partidos sem nenhum mandato conseguir bancar alguma coisa, deve saber, alguns sobrevivem de cotização dos seus membros e da venda do jornal. Então creio…
É leitor, como disse, nem todas as ponderações em comum garantem nem mesmo a continuação de uma fala e muitos começam a reclamar da falta de compromisso financeiro dos partidos ali presentes, a tônica resulta em gritos de é sempre assim, vocês nunca tem dinheiro para as prioridades das massas, mas sempre aparecem!
Ali estavam presentes Partido dos Trabalhadores, Partido Comunista do Brasil, Partido Comunista Brasileiro e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, também em alguns textos da época, localizados no segmento da História, no singelo título de “e outros”.
O hoje Dr Júlio com seu pouco sorriso habitual, meio insatisfeito com o tom de voz da mulher salienta, as nossas bandeiras e nossos agentes de modificação social nunca faltam a atos como este. Vendo o amigo passar de observador pesquisador, o poeta pede silêncio e quando o mesmo mais uma vez faz corro, toma a palavra e sugere que seja marcada outra reunião para tratar deste fato e que por enquanto que se vote o indicativo da doação dos partidos de acordo com decisão de suas Executivas Nacionais.

O tema então é colocado em votação e a maioria vota pelo indicativo, o que leva muitos da pequena bancada a ficarem perplexos com o restante dos membros da reunião. Já aqueles desejosos de uma decisão logo na primeira reunião do Movimento Brasil: Outros 500, ainda as burburinhos resmungam entre si, uma não decisão é um ato de falta de compromisso dos partidos presentes com a luta e a opressão de séculos.