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4/20/2015

O Caramujo


Por Eric Costa e Silva

Nesta tarde estava vidrado
Com meu espelho empunhado
A fazer o remo da memória
De todos os meus dias.

Não mais que de repente
Um caramujo jovem velho
Pela área de minha casa caminha
Com todo seu passo vagaroso chegou.

No seu rastro meio meloso
Já se vão as suas histórias
Umas mais lindas que as outras
Umas mais cheias de despedidas tristes.

Quem apreende viver do cotidiano
Sabe! Tudo nele tem importância.

Sejam os sapos, pedras e peixes dos rios
Sejam o mato alto do caminho
Os pássaros multicoloridos
Ou mesmo essa pobre lesma.

Nessa tarde ela me chamou para conversar
Ficou espantada com minha forma
De o olhar vidrado os espelhos.

Tanto eu como o caramujo
Estava ali, buscando paradigmas
Há tempos e horas.

Busca diária minha parada
Busca diária dele em movimento
Tudo para rever em breves palavras.

Todas as nossas felicidades
Todas as nossas tristezas
Todas as maneiras de fazer do eu
Uma persona compreendida pelo nosso tempo.

Entre um passo lento e outro
Com sua sábia conversa
O caramujo me deu a deixa.

Tu és o rastro que deixa na memória das pessoas
Se elas a buscam para agradecer
Um dia foi importante.

Se não o buscam talvez pelo fato
De não terem o percebido
E se ao menos a memória vir a tona
Saiba que dentro dele está o presente
Que se faz em pensamentos futuros.

E o sol do amanhecer
Nada mais é que o alvorecer
Dum querer antigo.

Nessa busca pude constatar
Seja para caramujos homens
Ou caramujos viajantes.

O sol do amanhecer
Nada mais é que o alvorecer

Dum querer antigo.